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Pilates e fáscia

Tem se falado muito sobre a importância da fáscia para o movimento e a sua influência na dor musculoesquelética, porém, o que vemos ainda são muitos métodos e técnicas voltados apenas para a mobilização passiva desse tecido.

A fáscia foi um tecido negligenciado por muitos anos (inclusive no âmbito acadêmico) e a sua função era limitada a apenas dar suporte para os tecidos. Hoje temos um outra panorama, sabe-se que a fáscia é uma rede viva, responsável por inúmeras funções e que precisa de estímulos para se manter saudável.

Esse tecido conecta o corpo inteiro, penetrando músculos, ossos, vísceras, nervos e, é claro, os músculos, formando trilhos e conexões que fazem com que o nosso corpo seja uma estrutura íntegra e compacta, capaz de resistir a ação da gravidade.

Estudos mostram o efeito deletério que o imobilismo trás sobre a fáscia, com alterações morfológicas analisadas por microscópio e funcionais, todas bem documentadas na literatura. Sendo assim, se faz necessário estímulos para que o tecido conjuntivo exerça as suas funções.

Entre as camadas de tecidos moles (fáscia, gordura, músculos…) temos a presença de ácido hialurônico, que atua como uma espécie de lubrificante (mais presente nas camadas profundas de fáscia). Uma vez que esse ácido está mais espesso, aumenta a densidade do tecido conjuntivo e diminui a capacidade de deslizamento entre essas camadas, podendo gerar dor ou dificuldade de movimento.

A fáscia é ricamente inervada por receptores mecânicos (cada um capta estímulos específicos) e sua porção visceral por interceptores (responsáveis por enviar sinais ao cérebro sobre as sensações internas). Manter as camadas de tecido conjuntivo com boa capacidade funcional, de distribuir cargas e tensões e deslizarem entre si, impacta diretamente na sensação de bem-estar do indivíduo!

Como estimular a fáscia?


Existem duas possibilidades para estimular a fáscia: de maneira passiva (através de técnicas manuais, como a liberação miofascial) e ativa (com exercícios e movimentos que contemplem as conexões desse sistema). Para a estimulação ativa existe inclusive um método específico para isso, desenvolvido pelo pesquisador Robert Schleip.

O movimento é fundamental para que o colágeno mantenha a sua estrutura e distribua as cargas mecânicas por todo nosso corpo, para que não haja sobrecarga em regiões específicas, e consequentemente, disfunção.

Estimular de maneira ativa o tecido conjuntivo requer um trabalho que contemple as suas funções, capacidades e propriedades, ou seja, melhorar a hidratação do tecido, capacidade de rebote elástico, propriocepção e elasticidade.

O método Pilates 

O Método Pilates surge como uma excelente ferramenta para essa estimulação da fáscia através de movimento, visto que os exercícios trabalham o corpo como um todo, abrangendo todos os trilhos anatômicos que temos presentes e distribuídos por toda a nossa estrutura.

Importante salientar que apesar de existirem livros e artigos que mapeiam esses trilhos, há mais conexões em nosso corpo que podemos imaginar, então, o que devemos fazer para que toda essa teia tridimensional seja estimulada de maneira adequada?

A resposta é simples, diversificar os movimentos, amplitude, sentido, velocidade, carga, superfície de contato (soloaparelhosacessórios) e qual método trabalha isso melhor que o Pilates? Eu particularmente desconheço.

As sequências criadas por Joseph Pilates certamente não tinham esse objetivo estabelecido, porém, atuavam sobre a fáscia de forma indireta, contemplando os requisitos necessários para manter a saúde do sistema fascial e, como consequência, a integridade do movimento, saúde e bem-estar!

Mesmo que você não conheça os trilhos já fundamentados pela literatura, ou então não seja um estudioso desse assunto, tenha a certeza que,, ao realizar uma prática de contrologia, o seu cliente terá ativado a fáscia, baseando nos seus princípios básicos de função, capacidade e propriedade.

Por: Felipe Faralozzo – RSSócio do Instituto Golden Pilates e Fisioterapia
@institutogolden_ensino

Fisioterapeuta – UniLasalle;
Pós-graduado em Terapia Manual e Postural;
Formação em Treinamento Funcional;
Formação em Liberação Miofascial;
Formação em Maitland;
Completa em Pilates Original e Contemporâneo;
Docente das Pós-graduações em Terapia Manual e Postural, Fisioterapia Traumato-Ortopédica e Esportiva, da faculdade IBRATE, em parceria com o Instituto Golden;
Formação em Método ROLF;
Formação em Aurículoterapia;
Formação em Fascial Fitness;
Crochetagem Mioaponeurótica;
Método Stecco® – Manipulação Fascial®.
CREFITO5: 178033-F